O mundo digital realmente mudou a nossa vida, a nossa forma de pensar e a maneira pela qual realizamos diversos processos essenciais para a sociedade, como o Jornalismo e a produção de conteúdo, algo realmente definidor de padrões e escolhas diárias.
Hoje todo mundo sabe que pode – e deve – falar e colaborar de alguma maneira com os caminhos que o mundo toma. O que antes era uma via que partia do Jornalista e chegava ao leitor, hoje ganhou um novo significado, onde ambos os extremos trocam de posição a todo momento.
Isso nada mais é do que o famoso Jornalismo Colaborativo, também conhecido como Jornalismo Cidadão, Comunitário ou Open Source.
É ótimo que todos participem, colaborem, produzam algo que realmente impacte a vida das pessoas, seja com qualquer tipo de informação, em jornais, revistas, sites, vídeos ou redes sociais.
Todavia, acredito ser vital que façamos constantemente um exercício de reflexão a respeito do assunto.
Sou Jornalista e cresci sabendo que os profissionais da informação têm o dever de auxiliar todas as pessoas em suas tomadas de decisão, através de um trabalho isento e que busque apenas colocar as cartas na mesa para que cada um conclua aquilo que julgar mais correto.
E quando essa polaridade muda, a tendência é que gerasse em mim certo estranhamento, preconceito, temor. Mas isso nunca me ocorreu, pois sempre acreditei que todas as pessoas são capazes de acrescentar coisas relevantes na vida dos outros.
O único ponto que constantemente busco analisar é o FILTRO.
Sim, essa capacidade de separar o joio do trigo pois, assim como o cidadão comum começou a acrescentar informação realmente relevante e noticiosa, vemos também muito lixo espalhado por aí.
E é nessa linha tênue entre o Fato e o Fake News que caminhamos atualmente. Hoje temos a capacidade de saber o que acontece em qualquer parte do planeta em segundos.
Porém, na nossa apuração, o que é verdade e o que não é?
Também acho importante deixar claro que notícias tendenciosas ou mal apuradas não é fruto do Jornalismo Colaborativo. É fato que existem muitos jornalistas por aí que disseminam inverdades com intenções das mais diversas possíveis.
Por isso, o filtro deve existir em todos os momentos, pois é ele que vai nos ajudar a perceber o que realmente é notícia e o que é lixo.
Apurar criteriosamente não é dever apenas do Jornalista ou Produtor de Conteúdo; é de quem lê e consome também.
Muita confusão surge exatamente porque não filtramos, não checamos; apenas reproduzimos o que lemos ou ouvimos. E isso é uma bomba relógio que dissemina discórdia e descaminhos.
Nós, Jornalistas, não devemos acreditar que o Jornalismo Cidadão esvazia a nossa profissão; muito pelo contrário, ele permite que estejamos presentes em praticamente todos os lugares, quase que em tempo real.
Também temos o dever de educar produtores e consumidores de conteúdo a não abrirem mão de serem isentos, criteriosos e bastante responsáveis com aquilo que tornam público.
Um like, um view e um compartilhamento não vão apagar uma história tão bonita quanto a do Jornalismo. Os novos caminhos da informação vieram para enriquecer ainda mais o nosso dom de fazer chegar até a sua casa a informação que você precisa para decidir.
O Jornalismo Colaborativo veio para ficar! Mas não podemos abrir mão do FILTRO e do sentimento de que aquilo que produzimos tem a enorme capacidade de mudar a vida das pessoas.
Esse é o compromisso que une Jornalistas Diplomados e Jornalistas Cidadãos!